A figura de maior destaque da filosofia grega clássica foi Sócrates. Ele nada escreveu, mas andava pelas ruas de Atenas conversando com as pessoas. Gostava de interrogá-las sobre suas crenças, levando-as a perceber o quão transitórias elas eram. Buscava um conhecimento mais elaborado, mas, quanto mais conhecia, mais tinha consciência de que sabia muito pouco. Por assumir humildemente uma posição de ignorância, foi declarado pelo Oráculo de Delfos como o homem mais sábio do mundo.
Vivenciando as experiências do dia-a-dia e tentando questionar sempre os acontecimentos da cidade e as relações entre as pessoas, Sócrates, atento ao caminho da perfeição, inquietava os cidadãos atenienses com a magia da arte do diálogo. Ele nos ensinou que a atividade de filosofar não se distingue do próprio ato de viver, que o ato de filosofar consiste em conscientizar-nos de que nada sabemos. Nas suas conversas na praça do mercado de Atenas, ele não queria ensinar, mas aprender com as pessoas. Nesse diálogo, ambos aprendiam.
Sócrates conversava com as pessoas e freqüentemente fazia perguntas. Levava seus interlocutores a ver os pontos fracos de suas próprias reflexões. Com base nisso, permitia que a outra pessoa chegasse a suas próprias conclusões. Na verdade, Sócrates dialogava com as pessoas forçando-as a usar a razão.
Ele mergulhou no saber. Procurou compreender os conflitos da cidade, das gerações, dos costumes e, a partir daí, mergulhou num constante exercício de vida, no confronto diário com as contradições do saber.
Sócrates sabia muito bem que nada sabia sobre a vida e o mundo. E que isso era um ponto de partida para chegar à verdade. Ele próprio dizia que a única coisa que sabia era que não sabia nada. “Eu só sei que nada sei” era seu conhecido lema.
Essa posição o confrontava com os sofistas, que geralmente se satisfaziam com respostas prontas e acabadas. Para Sócrates os questionamentos são mais importantes e perigosos. Uma única pergunta pode ser mais importante do que várias respostas. Responder não é perigoso.
Ele acreditava que o conhecimento do que é certo leva ao agir correto. Por isso é tão importante ampliar nossos conhecimentos. E ele estava preocupado em encontrar definições claras e válidas para o que é certo e o que é errado, afirmando que essa capacidade de distinguir o certo e o errado estava na razão. Só assim, agindo de acordo com a razão, pensava ele, as pessoas poderiam ser de fato felizes: não uma felicidade baseada nhás aparências, mas uma felicidade real, daquele que também busca fazer os outros felizes.
Mas os questionamentos de Sócrates despertaram o ódio de muitos atenienses, perturbados em suas “certezas” e vendo ruir seu mundinho bem construído. Com mais de 70 anos de idade, ele foi preso, julgado e condenado à morte, acusado de não acreditar nos deuses da cidade e de corromper as jovens. Os atenienses quiseram dar uma lição à filosofia, tentando fugir do incômodo causado por ela.
Veja também: Platão, Aristóteles
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