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Aristóteles

Aristóteles pertenceu à Academia de Platão. Não era ateniense, mas da cidade de Estagira, e filho de um médico/cientista. Sua formação e seu interesse pela natureza fizeram com que divergisse do mestre Platão (que não se preocupou muito com o mundo dos sentidos), procurando ser também um estudioso da natureza viva e de seus processos de mudanças e evolução.

Aristóteles é considerado como aquele que, na cultura grega, organizou, sistematizou e ordenou as várias ciências.

Ele dizia que as idéias não nascem conosco, elas se formam em nós com base nas experiências que temos na vida. Por exemplo: para Platão, existe primeiro a idéia de cavalo (razão) da qual cada cavalo que vemos é uma cópia. Para Aristóteles, existia a forma do cavalo, derivada daquilo que chamamos de espécie, classificação que fazemos pelos sentidos. Para ele, a realidade está em percebermos ou sentirmos tudo o que está a nossa frente e, com base nisso, elaborarmos nossa visão de mundo.

Pensava ele que todas as nossas idéias e todos os nossos pensamentos tinham entrado em nossa consciência através do que víamos ou ouvíamos. Mas acreditava que temos uma razão inata – temos a capacidade de ordenar em diferentes grupos e classes todas as nossas impressões sensoriais. Somos capazes de criar conceitos e classificá-los, por exemplo, em animal, vegetal ou mineral.

Aristóteles era um homem meticuloso e queria encontrar ou explicar racionalmente os acontecimentos dos fenômenos da natureza. Para ele, era importante ficar claro como nossos sentidos captam as formas das coisas. Tomando o exemplo de uma árvore, ele dizia que existe a forma da árvore, captada pelos nossos sentidos. Mas também existe uma substância, que é aquilo que faz com que a árvore seja árvore. Na semente, a substância da árvore já está presente, mas ela deve atualizar aquilo que ainda é uma possibilidade, germinando, crescendo e transformando-se em árvore. O movimento que ocorre na natureza, segundo ele, é uma transformação nas formas que, pela atualização da substância, faz com que uma possibilidade se torne realidade. Se percebermos as formas pelos sentidos, a substância só pode ser
encontrada pela razão.

Percebemos que, no pensamento de Aristóteles, existe um esforço de ordenação. Ele estabeleceu uma certa ordem lógica na classificação do mundo da natureza e afirmou que, para chegar a certas conclusões sobre ela, era preciso estabelecer certos princípios. Por exemplo: todas as criaturas vivas são mortais. O homem é um ser vivo. Portanto, todo homem é mortal. Essa é a forma do que ele chamou de silogismo, é a lógica formal sistematizada por Aristóteles é a que rege nosso pensamento até hoje.

No pensamento de Aristóteles, encontramos também uma preocupação com a organização da sociedade (política) e também com a forma que cada indivíduo dá para sua própria vida particular. Talvez ele tenha sido o primeiro filósofo da Antiguidade a falar em ética com uma preocupação central em relação à vida humana.

A vida humana se diferencia da dos animais porque se manifesta com intencionalidade, vontade e desejo de ser feliz. Aristóteles acreditava em três formas de felicidade: a primeira é uma vida de prazeres e satisfações; a segunda é uma vida de cidadão livre e responsável; e a terceira é viver como pesquisador e filósofo. E essas três formas só se sustentam se realmente forem integradas entre si. Ou seja, é preciso buscar um equilíbrio corporal, espiritual e social para que a vida humana se realize como expressão da felicidade.

Dentro dessa preocupação com a vida e suas buscas de realização, Aristóteles procurou expressar uma visão de sociedade que permitisse o convívio harmônico dos seres humanos. Como não podemos viver somente segundo nossas intenções, é preciso organizar a sociedade de forma que ela nos auxilie a viver melhor. E a forma mais elevada do convívio humano, segundo Aristóteles, só pode ser o Estado.

Para Aristóteles, existem três formas puras de governar o Estado: a monarquia (ou governo de um só), a aristocracia (ou governo dos melhores) e a democracia (ou governo realizado por um grande número de cidadãos). Segundo ele, essas três formas só são válidas e justas se encontrarem um verdadeiro sentido de organização dos cidadãos, em que necessidades básicas como comida, trabalho, educação e família sejam colocadas no plano de convívio humano e de satisfação das nossas necessidades vitais de existência, visando a promoção do bem de todos.

Diferente de Platão, Aristóteles escrevia na forma dissertativa, procurando argumentar segundo as leis da lógica, inaugurando a forma pela qual a escrita filosófica seria conhecida ao longo dos séculos.

Veja também: Platão, Sócrates