Ao falar sobre Psicanálise, nos referimos a uma teoria sobre o aparelho psíquico feita por Sigmund Freud (1856-1939).
Um dos grandes feitos de Freud está na descoberta do inconsciente. Nossos comportamentos considerados "incompreensíveis" ou atos aparentemente praticados sem percebermos estão ligados a uma série de fatos ocorridos no nosso passado, a maior parte deles na infância, que não temos consciência, mas que se tornam evidentes no comportamento presente. Estes fatos vêem-se trancados nas profundezas do inconsciente. Freud constrói uma teoria do aparelho psíquico que envolve três níveis de vida mental: consciente, pré-consciente e inconsciente e os três elementos (ou instâncias psíquicas) que compõem a personalidade: Id, superego e ego.
Níveis de vida mental
1) Nível Consciente
Refere-se aos eventos que estão sendo processados neste momento e deles estamos tomando conhecimento imediato. São do nosso domínio. Já que estão acontecendo agora, podemos interferir neles ou mudá-los. Por exemplo: Eu tenho o conhecimento dos pensamentos, emoções e percepções que estão sendo processados agora em minha mente enquanto estou escrevendo este post.
2) Nível Pré-consciente
Existem coisas que já aconteceram em nossas vidas e que não estão acontecendo neste momento, não podemos alterá-los porque já aconteceram, mas, são do nosso conhecimento. Sabemos da existência dos mesmos, podemos chamá-los à nossa cabeça quando quisermos ou precisarmos. Podemos recorrer a eles. Por exemplo: Podemos reviver, em certos momentos, muitas coisas que já aconteceram com a gente, nos quais não estamos continuamente pensando. É aquilo que não está na consciência agora, mas em um momento seguinte pode estar. Se neste momento iniciarmos uma conversa sobre o nosso primeiro dia de faculdade, imediatamente posso resgatar algumas coisas que ocorreram comigo neste primeiro dia.
Estes fatos, tanto os que estão agora se processando em nossa mente como aqueles que poderíamos lembrar neste momento (conscientes e pré-conscientes), são fatos do nosso domínio, do nosso conhecimento sobre a nossa vida. Temos consciência de sua realização.
3) Nível Inconsciente
É onde se encontram os registros de fatos ocorridos na nossa vida, principalmente na infância, desejos e conteúdos que por alguma razão foram reprimidos e que não têm acesso ao consciente ou pré-consciente.
Os fatos inconscientes têm grande influência na direção do nosso comportamento e na direção de nossas ações. [1]Por exemplo, numa festa para o dia das mães, uma professora colocou seus alunos, oito crianças entre 2 e 3 anos, para dançar para uma platéia composta de pais, amigos e parentes dos alunos.
Das oito, quatro começaram a chorar, três ficaram paradas, olhando fixamente para a platéia, e uma dançou torcendo sua blusa. A professora, apavorada, tentou se justificar dizendo que durante o ensaio elas dançaram direitinho (ensaio só com a presença da professora, sem platéia). Estas crianças foram retiradas do palco sendo colocadas de imediato crianças de 6 anos para suas apresentações.
No final da programação, a professora resolveu colocar novamente as oito primeiras crianças para se apresentarem. As quatro que choraram se recusaram a subir no palco e as demais mantiveram o mesmo comportamento da vez anterior até que a professora desistiu da apresentação. Não sabemos o que pode ter ocorrido com essas crianças após o evento, mas, vamos imaginar que houve uma cobrança de uma pessoa que lhe é significativa, por exemplo: "Que feio, mamãe veio só para ver você dançar e você fez aquele papelão". Vinte anos depois, esta criança ao ter que apresentar um seminário ou um relatório para um grupo de pessoas, não sabe porque treme, sua ou se esquece do assunto que tem que expor.
Uma situação frustradora ocorrida há vinte anos, que foi mal resolvida, pode manifestar-se em um comportamento presente. É daí que surge a famosa afirmado de Freud que "todo o comportamento é superdeterminado", isto é, todos os nossos atos, mesmo aqueles aparentemente praticados por acaso, estão relacionados a uma série de causas das quais, freqüentemente, não temos consciência.
Grande parte dos nossos problemas que estão no inconsciente pode ser resolvida à medida que se tornam conscientes. Na maioria dos casos, parte do inconsciente vem à tona por vias indiretas, por meio da terapia. Porém, outra grande parte dos produtos do nosso inconsciente são mantidos no inconsciente. São produtos dos nossos desejos e desejos que devem permanecer como desejos e não serem realizados, pois se o forem podem terminar em tragédia.
Quantos momentos de nossas vidas, quando estamos sentindo muita raiva, não sentimos, vontade de estrangular pessoas que amamos. "Os desejos não são ordens, mas são as ordens que permitem os desejos. Não matarás dá desejo de matar, não desejarás a mulher do vizinho, não roubarás, etc. são ordens que organizam os desejos" (Goldin, 1991, p.34) que como muitos outros, não devem ser realizados. Também fazem parte do nosso inconsciente os nossos recalques, frustrações e doces momentos da infância.
[1] Exemplo extraído de: BANOV, Márcia R. Ferramentas da psicologia organizacional. São Paulo: CenaUn, 2002.
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Princípios da personalidade ou instâncias psíquicas
Mecanismos de defesa ou ajustamento
Palavras-chave: Psicologia na administração.